sexta-feira, 19 de novembro de 2010

Quando duas mãos se encontram refletem no chão a mesma cor..


Dia 20 de Novembro não é somente mais uma data no calendário; é o Dia Nacional da Consciência Negra, uma data que visa lembrar a resistência dos negros à escravidão e ao racismo. Foi neste dia que Zumbi, líder e guerreiro do Quilombo dos Palmares, foi capturado, morto e decapitado, tendo sua cabeça exposta em Recife com a função de intimidar os escravos a seguirem seus passos. Zumbi tornou-se símbolo não só da resistência negra no Brasil, mas da luta pela liberdade humana. Até hoje, suas conquistas históricas surtem efeitos e inspiram centenas de movimentos sociais que travam batalhas contra o preconceito.

Durante todo o mês, entidades como o Movimento Negro Unificado organizarão eventos com o intuito de discutir e combater o racismo. Alguns dos temas que serão abordados são as cotas para negros nas universidades, discriminação racial no campo profissional, a exploração sexual da mulher negra e o racismo nos veículos de comunicação. Além disso, o movimento procura orientar as crianças negras a não desenvolverem o auto-preconceito, ou seja, julgar-se inferior perante a sociedade.

O racismo ainda é a forma mais clara de discriminação no Brasil, apesar da pesquisa de opinião realizada pela Fundação Perseu Abramo em 2003 ter mostrado que somente 4% dos entrevistados reconheceram que são racistas. São dados como este que comprovam que o racismo no Brasil manifesta-se de forma camuflada e subliminar, pois pouco se discute sobre o assunto. A imagem do negro na mídia, nos livros, nas universidades e no setor profissional ainda é inferiorizada perante o branco. O papel desempenhado pelos negros nas novelas televisivas é um exemplo deste racismo silencioso: os negros são sempre aquelas personagens submissas à personagem branca, nunca o inverso.

As leis brasileiras anti-racismo, previstas na Constituição de 1988, consideram a prática de racismo crime inafiançável e imprescritível, sujeito à pena de reclusão. Porém, a criação e aplicação de leis são insuficientes para acabar com o racismo. É necessário criar um vínculo entre governo e sociedade a fim de discutir e analisar o tema de forma aberta. Mas, acima de tudo, é dever da sociedade brasileira se conscientizar de que a cor da pele não interfere na capacidade e nem no caráter do indivíduo.


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