sexta-feira, 12 de março de 2010

GERAÇÃO COCA-COLA!


Especialmente para o terceiro ano:
Informações sobre o tema da dissertação pedida... bjs!
Embora consolidado no mundo e com grandes bandas entre as mais populares do planeta desde os anos 60 do século passado, o rock and roll, no Brasil, claudicava até meados dos anos 80. Não por coincidência, o fim da ditadura militar, em 1985, coincidiu com uma “explosão” do “rock brazuca”. Grupos como Paralamas do Sucesso, Titãs, Barão Vermelho e Legião Urbana, surgiram com força no cenário cultural do país com muito ritmo, atitude e composições de letras vigorosas. Os líderes de duas dessas bandas rapidamente despertaram grande atenção do público pelo lirismo muitas vezes amargo de suas composições: Cazuza, do Barão, e Renato, do Legião.

Ambos tinham muito em comum, como disse o vocalista do Legião Urbana, num show feito no dia 7 de julho de 1990, data da morte de Cazuza: “Eu tenho mais ou menos 30 anos, sou do signo de Áries, nasci no Rio de Janeiro, gosto da Billie Holliday e dos Roling Stones, gosto de beber pra caramba de vez em quando, também gosto de milkshake. Eu gosto de meninas, mas também gosto de meninos. Todo mundo diz que eu sou meio louco. Eu sou cantor numa banda de rock’n roll. Eu sou letrista e algumas pessoas dizem que eu sou poeta. Agora eu vou falar de um carinha. Ele tem 30 anos, é do signo de Áries, nasceu no Rio de Janeiro, gosta da Billie Holliday e dos Rolling Stones, é meio louco, gosta de beber pra caramba. Gosta de meninas e meninos. Ele é cantor numa banda de rock, é letrista, e eu digo: ele é poeta. Todo mundo da Legião gostaria de dedicar esse show ao Cazuza”. O tempo se encarregou de acrescentar mais uma similaridade entre os dois: a Aids, fatal.
O que vocês acham sobre o que escreviam o autodenominado “letrista” e o poeta? Ao contrário das gerações dos anos 60 e 70, que se preocupavam em revolucionar a cultura e os costumes e tomar o poder, os jovens brasileiros dos anos 80, recém saídos de um regime militar, queriam experimentar a liberdade de dizer e de expressar, ao passo que descobriam um país encoberto por anos de censura. O rock, um gênero híbrido por natureza, foi o veículo perfeito para essa juventude, que foi aprendendo consigo mesma a lidar com seu tempo e seus conflitos e dores, registrando, assim, um processo de crescimento e maturação. O amor (ou sua busca e suas consequências), a ética, o sexo, o ritmo da cidade, as dores e frustrações são os sentimentos extravasados. A poética do rock se revela como o registro urgente do agora, com um olhar atento ao momento e ao
espaço, tomando, assim, uma forma literária que se aproxima do diário, ou seja, o registro consoante com o calor dos acontecimentos. Na obra de Cazuza e Renato Russo, o ponto de partida é sempre o autor. Acentua-se, assim, o comentário sobre o presente e a dúvida sobre o futuro próximo, o que confere um caráter peculiar às composições poéticas dessa época.

Na voz dessa geração não se ouviram metáforas e alegorias ao estilo de Chico Buarque – necessárias àquela época para burlar o sistema de censura. O rock dos anos 80 não se engaja politicamente, mas denuncia os problemas do país. Cazuza pede, em Brasil, que a nação “mostre a sua cara”, e Renato, em
Perfeição, pede para celebrar “o meu país e sua corja de assassinos, covardes, estupradores e ladrões”. Ao falarem de si, diante do mundo, Renato Russo e Cazuza se tornaram universais e escreveram músicas que milhares de pessoas achavam que tinham sido feitas sob encomenda para elas.

Letras de música de Renata Russo: http://letras.terra.com.br/renato-russo/

Um comentário:

  1. Teu blog tá um espetáculo! Também gosto de ter um canal de comunicação com meus "remelentinhos". Parabéns, Renata. Dá até vontade copiar a ideia. (RSRS)
    Beijos.

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